FESTIVAIS DE MÚSICA | A MINHA EXPERIÊNCIA

Há dinheiro que nós gastamos que nos enriquece. Definitivamente, dinheiro gasto na ida a um festival de música é um ganho a nível pessoal muito grande. Haverá, afinal de contas, felicidade sequer remotamente parecida à que se sente num festival de música? 
Um festival de música é um acumular de experiências, muitas delas incríveis (se tivermos sorte). É a minha forma de evasão favorita. 
O primeiro festival de música que frequentei foi o Nos Alive em 2011. Vim a Lisboa com a minha mãe ver Coldplay (a minha banda favorita nesse momento) e foi uma experiência memorável. Tinha apenas 15 anos. Desse dia, lembro-me apenas do concerto de Coldplay (dos outros concertos quase não guardo recordações.) Lembro-me da energia incansável do Chris Martin ao longo de todo o concerto. Lembro-me de me sentir em casa ao ouvir a Fix You, a Yellow ou a The Scientist. Lembro-me de quando lançaram bolas gigantes ao público e eu consegui tocar numa delas e senti uma felicidade enorme só por ter conseguido. Sem dúvida que sai de lá a sentir que a minha vida tinha ganho um brilho novo.
A música sempre foi algo muito importante para mim e continua a ser. Em 2016 vim viver para Lisboa e foi a minha primeira vez a ir a um festival com amigos, neste caso o Super Bock Super Rock. Em 2017, fui também apenas um dia, porém, desta vez, ao Nos Alive e em 2018 fui dois dias ao Nos Alive. (Um daqueles upgrades que nos faz encher o coração de felicidade.)
Se querem saber mais sobre a minha experiência em cada um destes festivais, basta continuarem a ler.



O primeiro festival que fui, comprando eu mesma o bilhete com o meu dinheiro, foi o Super Bock Super Rock. Fui em 2016, no dia 14 e assisti a quatro concertos: Surma, The Temper Trap, The National e Disclosure. Gostei muito de Surma, foi uma surpresa muito agradável. The Temper Trap foi a maior surpresa que alguma vez tive num festival, foram extraordinários! Uma energia em palco incomparável e cada elemento da banda é excepcional. São uma banda que transmite energias muito positivas e que eu, pessoalmente, não conhecia bem. Sai de lá rendida a eles e ainda hoje ouço imensas músicas deles e guardo carinhosamente o concerto deles na minha memória. The National foi uma experiência com um impacto em mim que dificilmente consigo descrever. São a minha banda favorita e vieram cá apresentar o álbum Trouble Will Find Me, o meu favorito deles. Têm um dom de nos fazer sentir cada palavra que eles cantam. Uma conexão com o público incrível, uma presença em palco que ofusca a maior parte das bandas que já vi ao vivo... São incríveis, mesmo mesmo! Só tenho elogios para lhes dar! Disclosure foi uma completa desilusão, som péssimo, uma pausa de mais de 30 minutos devido aos problemas de som e a presença em palco foi nula. A setlist também deixou imenso a desejar. Tinha algumas expectativas para o concerto deles e nem sequer consegui permanecer no concerto até ao fim porque o mesmo estava a ser medíocre. 
A nível de ambiente, é um festival onde as pessoas realmente vão porque gostam dos artistas, mas o espaço não é o melhor para um festival de música. Uma coisa que achei bastante positiva foi o facto de as bebidas serem razoavelmente mais caras caso não comprássemos o copo oficial, que é reutilizável. É uma medida excelente para combater o desperdício e o impacto ambiental que o festival causa. 



Sobre o NOS Alive eu tenho bastante mais de que falar. Para além de ter assistido a muitos mais concertos, tenho várias opiniões sobre o festival em si e o ambiente do mesmo. 
Primeiro, quero começar por falar do festival em si. É um festival com um recinto gigantesco, com diversos palcos e uma enorme oferta a nível de restauração e outros espaços ligados ao merchandising e à publicidade das mais diversas marcas, que desenvolvem algumas actividades. O público que o frequenta é extremamente diversificado, sendo que algumas pessoas continuam a ir pelos incríveis artistas e bandas que constituem o cartaz deste festival, porém, muitas pessoas vão apenas com o intuito superficial de marcarem presença num evento com extrema popularidade e, dessa forma, alcançar uma grande exposição. Na maior parte dos casos, são bloggers e celebridades quem mais frequenta este festival. Limitam-se a estar no espaço correspondente à marca que os patrocina e não aproveitam rigorosamente nada do que o festival oferece (no geral). Isto não seria um problema para mim se não houvessem centenas (senão milhares) de pessoas que não têm oportunidade de ir ao festival e que gostariam realmente de ir ver os concertos porque estas pessoas têm que lá estar. Isto afecta muito o ambiente do festival, que acaba por perder um pouco do encanto intrínseco a um festival de música. Por vezes, mais parece um desfile de moda. Outra coisa que sinto também a nível do público é que é impensável a quantidade de gente que vai a este evento. As filas de espera da casa de banho e na restauração são inacreditáveis, apesar de ser uma coisa que têm vindo a melhorar com os anos. Os concertos podem, por vezes, ser sufocantes, dependendo também da zona onde se encontram. Acho honestamente que não devia ser permitido a venda de tantos bilhetes, não há capacidade para tanta gente naquele recinto. Percebo, porém, a necessidade de rentabilizarem ao máximo a venda dos bilhetes. Só acho que a experiência das pessoas que frequentam o festival é prejudicada por esta sobrecarga de público. A minha crítica final vai para os horários dos concertos. É extremamente difícil agradar aos gostos de centenas de milhares de pessoas que frequentam ao festival em simultâneo, no entanto, acho que deviam fazer os horários de uma forma mais ponderada. O que critico também são as escolhas de bandas para cada palco. Algumas escolhas simplesmente não fazem sentido e esta é uma opinião do público do festival em geral. Claro que a tarefa é dificultada pela quantidade de artistas e bandas excepcionais que passam pelo festival.
Eu falei brevemente em cima da minha experiência na primeira vez que fui ao NOS Alive, em 2011, por isso não me vou alongar mais acerca desse dia em específico. Quero agora falar dos artistas e bandas incríveis que tive o prazer de ver ao vivo neste festival. 
Devo dizer que nunca pensei que chegasse o dia em que via duas das minhas bandas favoritas de todos os tempos no mesmo dia num festival. Em 2016, fui ao NOS Alive e tive o prazer de ver The xx e alt-J, dois dos melhores concertos da minha vida! Nesse dia, não fui ver nenhum concerto do palco secundário, com medo de sacrificar um bom sítio no palco principal para ver as bandas que referi. Também queria muito ver The Weeknd (o que acabou por ser agridoce). Portanto, acabei por ver You Can't Win, Charlie Brown, alt-J, The xx e The Weeknd (só não vi Phoenix porque fui fazer uma pausa para jantar). O meu lugar em alt-J era excelente, o que também influenciou a minha experiência do concerto, visto que é difícil aproveitar um concerto quando estamos bastante distantes e a ver o concerto pelo ecrã gigante. Eu fui sem expectativas nenhumas porque, apesar de ser uma das minhas bandas favoritas, já tinha tido muito feedback negativo de pessoas que já os tinham visto ao vivo. Saí do concerto com o coração cheio de gratidão por ter podido presenciar aquilo. Foi um concerto muito emotivo para mim, mas que também me deixou simultaneamente muito feliz. A setlist foi quase perfeita e a presença em palco foi boa. Mas o que valeu mesmo para mim foi a emoção que eles transmitiam ao público e o quão cada palavra me tocava. Foi um concerto muito bonito, sem dúvida. The xx foi inacreditável, a par de alt-J. Têm uma presença e uma empatia em palco que poucas bandas têm e a setlist foi maravilhosa. Eles são todos excelentes e sendo uma das minhas bandas favoritas, conseguiram ainda exceder as minhas expectativas. Saí de coração cheio. Por fim, The Weeknd tinha o público completamente ao rubro e uma boa presença em palco, no entanto.... a setlist podia sem bem melhor e o playback foi demasiado evidente. Mas consegui gostar do concerto, por alguns momentos muito fortes como quando ele cantou a minha música preferida dele, a Acquainted. O público também influenciou muito a minha opinião sobre este concerto.
Este ano eu fui dois dias ao festival, nos dias 12 e 13. Destaco no dia 12 o concerto de Wolf Alice, que para mim foi mesmo o melhor. Nesse dia, eu assisti aos concerto de Arctic Monkeys, Khalid, Wolf Alice, Friendly Fires e Juana Molina. Para Arctic Monkeys, eu já não fui com expectativas muito altas, no entanto... a setlist podia ter sido bem melhor, o som estava completamente horrível (não se ouvia absolutamente nada dos instrumentos) e a postura do Alex Turner desagradou-me muito. Apesar disto, retirei uma experiência positiva de ter assistido ao concerto, apenas pelo facto do Alex Turner ser um dos artistas que eu musicalmente mais aprecio e pelo facto de a voz dele não me ter desiludido absolutamente nada. Khalid desiludiu-me e vou explicar porquê. Ele é um dos meus artistas favoritos e a voz dele é ainda mais bonita ao vivo, no entanto, eu comprei o bilhete quase exclusivamente para ir ao concerto dele e ao de Arctic Monkeys e ele não cantou quase nada. Deixou o público cantar as músicas de início ao fim e limitou-se praticamente a cantar meia dúzia de palavras pelo meio. No entanto, quando cantou músicas como a Angels e a Coster, para além de me ter emocionado bastante, ele cantou-as integralmente e proporcionou um momento muito bonito. Interagiu muito com o público também, o que é sempre algo positivo quando não é em demasia. No geral, eu gostei do concerto dele mas senti-me um pouco desiludida. Wolf Alice foi excepcional. Uma presença em palco incansável e muita, muita qualidade a nível de instrumentos e voz. Eu gostei mesmo muito, apesar de só ter descoberto a banda umas semanas antes do Alive. Juana Molina foi uma das surpresas mais agradáveis que tive num festival. Já Friendly Fires, eu só posso dizer coisas boas apenas pelo facto de que nunca vi alguém ter tanta energia e presença em palco como o vocalista da banda (e a banda toda no geral, mas mais o vocalista). Eu, pessoalmente, não sou fã do género de música em que eles se enquadram mas foi um concerto muito bom pela energia e sentimentos de felicidade que gerou no público.
Por fim, o dia 13, ou o dia das decisões difíceis. Neste dia, o meu coração ficou totalmente dividido entre dois palcos! Se, por um lado, no palco Sagres tinha nomes como CHVRCHES, Future IslandsRag'n'Bone Man, Portugal. The Man e Yo La Tengo, no palco principal tinha Two Door Cinema ClubQueens of The Stone AgeThe National e Blossoms, em substituição dos The Kooks. Acabei por ficar pelo palco principal devido ao meu amor incondicional a The National. Blossoms foi uma surpresa bastante agradável, bem como Black Rebel Motorcycle Club. The National foi, novamente, brilhante e Queens of The Stone Age foi extraordinário. Um dos melhores concertos desse dia até ao momento em que tive de me afastar do palco principal por me sentir desidratada. Two Door Cinema Club era um concerto que queria muito ver, no entanto já não consegui porque o meu corpo já não estava em funcionamento após dois dias de festival (a idade não perdoa!).

Devo dizer que apesar de tudo o que disse, eu vou a festivais de música pelos artistas e bandas que fazem parte do cartaz e, na minha opinião, o NOS Alive é incomparável aos restantes festivais de música a nível de cartaz. É muito superior.

Por fim, gostava de dizer que tenho especial interesse em ir ao Vodafone Paredes de Coura, mais pelo ambiente que proporciona. Tenho também muita curiosidade porque seria uma experiência nova para mim. 
Digam-me abaixo nos comentários a vossa opinião sobre festivais de música, a quais é que já foram, quais se destacaram e tudo o resto que há para dizer sobre o tema. Estou muito curiosa.


Com amor, 



6 comentários:

  1. Confesso que ir ao NOS Alive é um sonho que ainda tenho que cumprir. Queria ter ido no ano dos Arctic Monkeys, mas apôs ver o concerto online fiquei como tu um bocadinho desiludida, se não for dizer muito. Espero que 2019 seja o ano, e mais especial seria se fosse o ano que os Foo Fighters voltassem a Portugal.

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    1. Na minha opinião, vale muito a pena, faz um esforço para ires! Foo Fighters nunca vi mas também gostava.
      Beijinhos :)

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  2. Já fui a diversos festivais mas o Paredes de Coura e o Primavera Sound são dois que quero muito ir!!!!
    Segui o teu blog :)

    Beijinhos ♥
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    1. Também gostava muito de ir tanto ao PdC como ao PS mas não tive oportunidade ainda e também raramente conheço muitos nomes que fazem parte dos cartazes desses dois festivais...
      Beijinhos :)

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  3. Nunca fui a nenhum festival de música, com muita pena minha. Nem uma questão monetária, é algo para o qual ainda não surgiu mesmo oportunidade, mas é algo que quero riscar da minha lista de coisas a fazer, pois tenho imensa curiosidade. O que me chama são os concertos, mas também todo o convívio que dizem gerar-se - dependendo dos festivais - com as nossas pessoas e com as que acabamos por conhecer :)
    Paredes de Coura é o que me desperta mais interesse, exatamente pelo ambiente que parece proporcionar, mas o Nos Alive também me desperta alguma.

    Adorava ter visto alguns destes artistas, ainda bem que te divertiste :)
    Beijinhos

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    1. Eu tenho imensa curiosidade no Paredes de Coura pelo ambiente e "conceito" do festival. A nível de cartaz o NOS Alive é sempre o melhor :)
      Que nos encontremos em algum destes um dia, eheheh.
      Beijinhos Mary

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