REVIEW OF THE HATE U GIVE BY ANGIE THOMAS *WITH SPOILERS*



The Hate U Give é um livro escrito pela escritora Angie Thomas e é um own voices novel inspirado no movimento #BlackLivesMatter. É um livro muito aclamado pela crítica e pelo público, que esteve mais de 40 semanas em 1º lugar na lista dos livros mais vendidos do New York Times.
Este livro conta-nos a história de Starr, uma adolescente de 16 anos que presencia o assassinato do seu melhor amigo, Khalil, às mãos de um polícia branco (sendo que os dois adolescentes são negros). Começo por dizer que a temática deste livro é um assunto que deve ser discutido e condenado fortemente por todos. Se há coisa que aprendemos com este livro é que a nossa voz é importante e que nunca devemos silenciá-la. Foi o que Angie fez neste livro e fê-lo de forma brilhante. Usou a sua voz para dar vida a uma história carregada de realidade, dor e coragem.
Starr é uma adolescente que anda numa escola predominantemente frequentada por pessoas brancas. As suas amigas são brancas. O seu namorado é branco. Em Garden Heights, vive com o seu pai, um ex presidiário, agora dono de uma loja, a sua mãe, uma enfermeira e o seu irmão mais novo. Starr tem ainda um meio irmão mais velho, Seven. As personagens são extremamente reais, com defeitos mas qualidades que os redimem e são extremamente bem escritos. O que os faz excelentes, na minha opinião, é a forma como não são exagerados ou mal representados, mas sim excelentes representações de pessoas reais, de como nós somos. Sentem raiva, dor, angústia, felicidade e muitas vezes, impotência perante o que está a acontecer. É praticamente impossível escolher uma personagem preferida já que são todas importantes e excelentes. *SPOILERS A PARTIR DAQUI*
A história que se desenrola a partir do momento em que Starr testemunha o assassinato do seu melhor amigo é dolorosa. Descobrimos que quando tinha apenas 10 anos Starr também testemunhou o assassinato de uma amiga sua, Natasha, com a mesma idade, também devido a um tiroteio que nunca foi explicado. Nos dias que seguem a morte de Khalil, Starr volta à escola onde ninguém sabe que ela presenciou o assassinato do seu melhor amigo. Starr finge que está tudo bem, enquanto sente um sofrimento incomparável. Após o tio de Starr, polícia, falar com os seus pais, acabam por chegar à conclusão que é melhor que Starr fale com a polícia, que precisa do seu testemunho para a investigação. Nessa conversa, Starr apercebe-se que não têm interesse em perceberem o que se passou mas sim em arranjar formas de culpar Khalil pela sua própria morte.
Também acompanhamos a forma como a comunidade reage em Garden Heights à morte de Khalil. Existem diversos tumultos sociais, desde manifestações, motins... A raiva une a população que quer justiça pelo Khalil. Por outro lado, acompanhamos a reacção dos estudantes da escola que Starr frequenta.
O conflito interno que Starr sente é verdadeiramente pesado de se ler. Se por um lado, Khalil era importante para ela, ao mesmo tempo, ela já não conhecia certos aspectos da sua personalidade e estavam bastante afastados. Acabava até por o criticar. Quando tudo se torna mais claro, Starr enche-se de coragem e luta por Khalil, para que consiga justiça pela sua morte.
Esta história existe para que não se repitam as palavras "o racismo já não existe". Esta história existe por todos aqueles que perderam a vida APENAS pela cor da sua pele. Esta história existe para manter a revolução viva, contra todos aqueles que querem calar as vozes de quem só quer sobreviver. Esta história existe para nos fazer a todos reflectir sobre o quão importante é usarmos a nossa voz. Ensina-nos que não existe nada mais importante do que a nossa família, as pessoas que mais nos amam e que só nos querem ver felizes. Ensina-nos que nenhuma família é perfeita, mas que enquanto houver união e amor estaremos a salvo. Ensina-nos a lutar, a não ficar parados.
Este livro é, na minha opinião, perfeito. Não consegui mesmo encontrar-lhe um defeito. Tanto o enredo, como as personagens, como a escrita de Angie é incrível.
Destaco muito a evolução de personagens como o Tio Carlos, o Maverick (pai de Starr), Starr e Seven. Também o Chris é uma personagem de louvar.
Um dos momentos mais revoltantes no livro foi quando o juiz anunciou que o polícia que assassinou Khalil não ia ser condenado. Foi espectável, no entanto, não deixou de ser revoltante. Tal como é dito no livro "Uma escova não é uma arma.". Uma criança inocente morreu e o culpado vai continuar com a sua vida. É impensável.
Quero destacar o quão o Tupac é glorificado neste livro e, particularmente, destacar o detalhe em que o título do livro é baseado. "Thug Life" é uma expressão muito utilizada por Tupac e é um acrónimo para a expressão "The Hate U Give Little Infants Fucks Everyone" (em português: o ódio que semeias nas crianças destrói toda a gente), daí o título "O Ódio que Semeias". É importante falar sobre isto, porque ninguém nasce racista. As pessoas é que são influenciadas pelo meio em que crescem e pela forma como são criadas. É importante perceber que se queremos mudar o Mundo, temos que começar em nós e saber que podemos fazer a diferença se educarmos as pessoas. As pessoas por vezes não são más por serem racistas, são apenas "ignorantes" e é através do diálogo que as "educamos" e lhes mostramos perspectivas diferentes.  
Por fim, destaco as relações familiares e de amizade presentes neste livro. São bastante realistas e positivas. 
É um livro com uma mensagem muito importante e executado de forma brilhante. A minha avaliação é, sem pensar duas vezes, ★★★★★.
De coração, obrigada Angie Thomas por este livro!

Com amor,



2 comentários:

  1. Mias uma vez deixaste-me super curiosa e já anotei, obrigada pela sugestão :)

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    1. É um livro espectacular! Espero que leias e que gostes Mary, beijinhos :)

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