O AMOR E AS SUAS VICISSITUDES



(Antes de mais, perdoem-me a qualidade da fotografia acima, mas visto que isto é um post pessoal e intimo, quis colocar uma fotografia tirada por mim. Este post é sobre amor e sobre a imprevisibilidade que lhe é inerente. É também em jeito de homenagem a alguém que amei muito. Espero que gostem).

Era Agosto. Esperei-te na estação do Oriente, com as pernas a tremer e a emoção a transbordar para fora de mim. Era ali que iria abraçar-te pela primeira vez. Não corri para ti, como acontece nos filmes, porque fiquei, de certa forma, paralisada. Não soube reagir. Estava ali, finalmente, a única pessoa que queria ter junto a mim.
Nos seis dias que passámos juntos, não fizemos nada que fosse fora do comum para mim. Não explorámos muito Lisboa ou fizemos coisas novas. Não experimentámos nenhum sítio novo. Foram, no entanto, os dias mais felizes que vivi em Lisboa. Foram os dias mais cheios. A tua presença era a única coisa que precisava. Tornavas qualquer dia medonho num dia bom. Ria com gosto, como não acontecia há bastante tempo. 
Tiveste que regressar e senti o peso da tua ausência como nunca senti o de outra pessoa. Senti-me incapaz de lidar com a tua ausência. Doía-me não te ter à minha espera quando saía do trabalho. Doía-me não adormecer ao teu lado. Doía-me acordar sozinha. 
Tornou-se praticamente uma doença não te ter por perto. Sei que não é saudável, mas nunca soube controlar o que sinto. Ter-te por perto e deixar de te ter causou-me muito sofrimento.
Em Setembro, entrei no Alfa com uma inquietação incontrolável. Em menos de três horas iria estar nos teus braços outra vez. Quando te vi, já não paralisei e corri para ti como se tivéssemos estado separados meses. 
Soube muito antes deste momento que te amava. Que estar perto de ti era a única coisa que importava e que perder-te significaria o fim do amor para mim.
Após sete dias na tua casa, saí novamente com o coração mais apertado que nunca. Despedimo-nos a chorar, sem sabermos quando nos voltaríamos a ver. Confiava em ti plenamente, como nunca tinha feito com outra pessoa. Foi no dia seguinte que decidiste que já não querias estar mais comigo. O motivo, pouco me importa. 
Senti um nó no estômago e uma tristeza realmente profunda. Disse-te, com estas exactas palavras, que depois de ti seria incapaz de me entregar a alguém e incapaz de acreditar ou confiar em quem quer que fosse. 
Passado um ano, a verdade é que não voltei a sentir amor. Senti versões de amor, mas nada tão intenso ou comparável com aquilo que senti contigo.
É mesmo verdade o que dizem sobre primeiros amores. Nunca se esquecem. Eu nunca te esqueci, nem pretendo, porque fizeste-me mais feliz que qualquer outra pessoa. E é isso que escolho lembrar de ti. De nada me vale guardar rancor ou mágoa. Importa apenas que o tempo que passei contigo foi o mais feliz da minha vida. E que aprendi muito contigo. 
Aprendi que o amor vive da imprevisibilidade e alimenta-se dela. É essa chama que o torna intenso. Sem a imprevisibilidade, o amor é apenas rotina. E diga-se, rotina é algo bom mas que não move ninguém nem nos acrescenta nada. Estabilidade é bom, mas não queiram viver dela. 
Aprendi que quero viver para além disso. Que quero mais. Tu foste esse extra para mim, mas não tenciono regressar a alguém que me magoou tanto. Apesar de escolher agarrar-me às coisas boas que me proporcionaste, nunca esqueço quando alguém me magoa.
Obrigada por estares certo. Eu sei que há mais "lá fora" para mim. Não sei quando vou encontrar alguém, mas tenho plena confiança de que exista alguém que me queira fazer feliz. E nem sempre vi isso. 
Obrigada por me teres feito sorrir tanto. Obrigada por teres trazido à tona o meu eu mais positivo e a melhor versão de mim. 
Obrigada por me teres deixado amar-te e por me teres amado também.
Espero que esta seja uma despedida definitiva.

Adeus, J. 


4 comentários:

  1. Está lindo minha querida. Um texto cheio de sentimento.
    É sempre triste quando perdemos o nosso amor, a pessoa que durante algum tempo foi o nosso melhor amigo, foi o nosso porto seguro e o dono do nosso coração. Mas ainda bem que percebeste que haverá mais e que existirá alguém pronto a fazer-te feliz quando for a altura. Eu demorei algum tempo e mesmo depois de toda a mágoa, corri vezes sem fim para os braços da mesma pessoa, até ao dia em que percebi que valia muito mais que isso e que merecia muito mais do que me davam. Dar-me por inteiro a alguém que me dava partes não fazia sentido. Desisti e lutei por mim. Hoje estou tão feliz!
    O primeiro amor não se esquece, mas é importante darmos espaço a outro, acredita que podes ser tão ou mais feliz <3

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    1. É muito importante lutarmos por nós. Tenho a certeza que tens razão <3

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  2. É muito triste de facto. É um murro no estômago este texto. Revi-me em algumas partes e espero não estar a iludir-me na pessoa que espero encontrar no próximo ano. Porque muitas vezes, entregamos-nos por completo a alguém e só nós são entregues metades. Não devemos nos contentar com meias/metades. Se conseguimos ter mais, não devemos nos contentar com menos. Mas no amor, até estas pequenas coisas ficam de parte. Não nos lembramos tão claramente delas. O texto está incrível. Beijinho

    gentecansada.wordpress.com

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    1. Foi muito doloroso escrevê-lo, mas quis pôr um ponto final nesta situação. Desejo-te toda a sorte do mundo para o que aí vem. Beijinhos <3

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